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"A um certo tempo, não deixarei que minhas lágrimas, falem-me tanto de você!"(Rosane Oliveira)

domingo, 30 de agosto de 2009

Perdição

Perdição
.
Que cheiro é esse que me entorpece?
Cheiro de fruto maduro
Que eriça meus pelos
E me estremece.
.
Que cheiro é esse que adoça a boca?
Atiça desejos
Provoca latejos
E me deixa louca.
.
Que cheiro é esse
Que me atiça na noite
No dia me assanha
Me convence e me ganha,
Feito um delicioso vicio,
Me rendo aos caprichos
Assim...feito bicho!
. É cheiro de gato,
De lobo no cio,
É cheiro de macho,
De menino vadio,
E lá se vai meu juízo...
Na correnteza do rio!
.
Rosane Oliveira

sábado, 29 de agosto de 2009

Olhando além do meu reflexo

Olhando além do meu reflexo
.
Sinto-me estranha.
Há em mim uma insatisfação imensa e muitas lacunas apareceram ultimamente.
Sinto que o meu tempo se esvai... parece-me que não há mais tempo.
Preciso ficar só com meus devaneios.
Preciso da companhia de mim mesma e procuro achar o que me aflige e me entristece.
Sinto uma vontade imensa de correr.
Correr atrás de algo que não sei ao certo o que é e nem onde encontrar.
Não quero chorar, mas minha tristeza é visível em meu olhar!
Bom, vou sair. Vou ficar comigo mesma e tentar entender esse momento.
Adentro o ônibus e observo logo um banco vazio.
Lá estava um senhor, já de bastante idade, com dois livros entre as mãos e concentrado na leitura de um deles.
- Com licença? Precisei despertá-lo da leitura para que pudesse sentar-me no banco a sua frente.
- Claro, me desculpe! Assim me respondeu ele.
-Estava tão concentrado no final desta leitura que distraí-me.
- O que o senhor lê? Perguntei curiosa.
O título do livro era: E agora?
- Eu leio muito. Passo noites e noites lendo, preenchendo a minha insônia. E sempre leio dois livros, um pra mim e um pra minha esposa.
Instantaneamente imaginei, porque motivo ele leria para a esposa.
E logo ele completou a interrogação do meu pensamento.
- Minha esposa é cega. Eu leio pra ela sempre, até que ela adormeça. Depois que ela dorme eu leio pra mim, e muitas noites amanheço na leitura.
Fiquei ouvindo o relato daquele senhor e imaginando que linda era a cena, dele à beira da cama lendo para a esposa cega.
Não pude deixar de observar a simplicidade daquele senhor agarrado aos seus livros.
Parecia um homem simples, suas roupas mostravam que era de origem humilde.
A calça estava manchada, a camisa faltava um botão; chinelos nos pés e os dois livros nas mãos.
Quanto carinho tinha pela leitura e quanto amor tinha pela esposa cega.
Mas... voltando ao começo deste devaneio, quando eu entrei no ônibus...
qual era mesmo o meu problema?
.
Rosane Oliveira

terça-feira, 25 de agosto de 2009

Nostalgia

Nostalgia
.
Só mais um querer
Largado ao léu... no anoitecer
Só mais um sonho
Esquecido ao amanhecer!
Desejo amputado
Asa cortada
E outro vôo interrompido...
Apenas mais um suicídio!
A nostalgia aflora no vazio de nós
Normal?
Será normal, incisar os sonhos
Como se fossem pétalas
Arrancadas uma a uma
Como numa brincadeira de “bem me quer”?
Ao anular dos desejos
Desfolhamos a alma em viva carne
Auto- ferimento sem qualquer anestésico
E ao coagular do sangramento
A cicatriz...
Tatuagem natural
Dos tantos suicídios diários!
.
Rosane Oliveira

quinta-feira, 13 de agosto de 2009

Caminhos do amigo Mochiaro

CAMINHANDO
Na rua por onde ando
Nas calçadas por onde piso,
nas idas e vindas a marcar o chão,
deixando sulcos profundos,
numa mistura de poeiras,
que o chão recusa de vez
e o vento arrasta e a chuva limpa.
Na rua por onde ando
No chão onde volto a pisar,
recordo os sulcos marcados a dois e
hoje mais profundo existe apenas um.
Na rua por onde ando
O remoído das misturas,
sobras do atrito,
levanta em redemoinho,
buscando as alturas
a se misturar as outras misturas
que no passado foram presentes
e que no presente tornam-se passado.
Busco trilhar
pelas ruas do pensamento
os caminhos perdidos,
os caminhos ainda por percorrer,
para ver se há um encontro,
dos antes sulcos marcados
e cobertos pela esperança,
dos novos sulcos duplicados
onde eu e você iremos pisar
mochiaro.
mock 2009

segunda-feira, 10 de agosto de 2009

Conforto escrito por Alcanu...meu amigo do Overmundo

“Poema das garrafas”
Ah, essas garrafas
necessáriasdesde os tempos da Era Mamária...
depois vem a fase do refrigerante !
Normalmente aí se fica grandee
os gnomos nos abandoname com eles sonhos de gênios
aprisionados em misteriosas ânforas...
Náufragos somos
em busca de âncoras
que nos mantenham no fundo do mar
por longos séculos,
mas daí precisamos emergir,
numa tentativa tosca
de continuar a viver,essa brusca busca fosca,
esse luscofusco,
que tantonos ofusca,
tanto nos prendea uma vida
cheia de altos & baixos...
Esse não querer se afogar ,
esse incompreendido sobreviver !
Quantas vezes não sonhamos
em encontrar perdidas
garrafas de perdidose destroçados
viajantescom mensagens dentro ?
Chega então a época da volubilidade...
Vamos dos ‘liquors’ às pingas,
das ‘cervezas’ aos ‘vermouths’,
dos ‘whiskies’ aos ‘wines’,
dos ‘champagnes’ aos ‘cognacs’ !
O Homem vive mesmo
cercado de garrafas...
ah, quanta sofisticação,
mon ami,pr'uma vidinha tão curtafeito essa nossa ...
Quem conseguiu encheras taças das realizações, hein ?
Quem logrou encher um mísero copo
até a boca sem se embriagar ?
E se embriagando,
quem conseguiu evitar o vexame ?
Quem usou as vestes sagradas
e entrou num Tabernáculo ?
Quem honestamente
nunca usou os seus tentáculos
pra prejudicar um irmão
e levá-lo a algum profundo abismo,
mesmo que inconscientemente ?
Mas há um tempopara o arrependimento,
sim, isso há,
deixe os naufrágios
para os outros,
a gente confessa,
se redime,
se liberta,
se salvada
Eterna danação !
Observe as águias morrendo,
aprende com elas que arrancam
com o próprio bicoas suas garras
para que nasçam outras dessas...
É tempo de Jacintos !
Queremos um Lugar pra fugir,
temos um Coração pra esconder !
Ocultar nossas secretas
lágrimas de Dor,
essas talvez inconfessáveis...
E quando chega o amargo fim
seja o de Onofre,
seja o de Joaquim,
serão todos
eles e nós ‘engarrafados’e enterrados
nalgum Jardim !
Há um tempo de risos,
há um tempo para prantear...
mas não se preocupe:
há sacarrolhas na Vida Eterna !
Somos todos vasilhamesVelhos e já bem utilizados
desse enorme engradado
chamado:H U M A N I D A D E ...
© MCMLXXXV / MMIX by alcanu strong